Depuz a mascara e vi-me ao espelho...
Era a creança de ha quantos anos...
Não tinha mudado nada...
É essa a vantagem de saber tirar a
mascara.
É-se sempre a creança,
O passado que fica,
A creança.
Depuz a mascara, e tornei a pol-a.
Assim é melhor.
Assim sou a mascara.
E volto á normalidade como a um
terminus de linha
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Fernando Pessoa. Depuz a mascara e vi-me
ao espelho. In: Poemas de Álvaro de Campos.
Ed. crít. de Cleonice Berardinelli. Lisboa: IN-CM,
1990, p. 252.
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Lélia Parreira. Eu não sou eu nem sou o outro.
Acrílica sobre tela. Dimensões: 0,80 x 1,80 m.
2014.